F1 de 1961 teve morte de provável campeão e primeiro título de um piloto norte-americano – Autoesporte

Por Douglas Mendonça e Lucca Mendonça
A temporada de 1961 marcou definitivamente a história da Fórmula 1. Tivemos o primeiro título de um piloto norte-americano na história da categoria, garantida por Phil Hill, que era uma das estrelas da Ferrari. Além disso, a equipe de Maranello tinha tudo para comemorar seu primeiro campeonato mundial de construtores na F1, mas uma grande tragédia na penúltima etapa daquele campeonato, justamente o GP da Itália, ceifou a vida do alemão Wolfgang von Trips.
Também piloto importante na equipe italiana, Wolfgang se chocou com a Lotus de Jim Clark, e a Ferrari acabou indo parar na arquibancada, matando, além do piloto alemão, 14 espectadores que assistiam a prova.
Von Trips vinha se saindo bem nas últimas etapas, inclusive levando a vitória no GP da Holanda e pontuando bem no restante do calendário. Na Itália, onde sofreu o acidente fatal, havia feito a pole position, e tinha tudo para vencer para sagrar-se campeão.
No final, ficou para o norte-americano Phil Hill, seu arquirrival na Ferrari e que vinha disputando o campeonato ponto-a-ponto com von Trips. A diferença de pontos entre os dois pilotos foi mínima: 34 para Hill e 33 para Wolfgang. A tragédia foi tão pesada, e sentida, que Enzo Ferrari decretou a retirada da equipe oficial da F1 naquele ano, não participando do GP dos EUA e tirando de Phil a chance de correr na sua terra natal.
Por outro lado, a teimosia do chefão Enzo Ferrari deu lugar ao bom senso naquela temporada que a marca do Cavalinho Rampante foi campeã: finalmente a Ferrari abandonou seus históricos brontossauros de motor dianteiro e carrocerias pesadas, abrindo espaço para a modernidade dos monopostos baixos, pequenos, de motor entre-eixos, que atendiam as novas regulamentações para aquele ano, exigindo motores naturalmente aspirados de até 1.5 litro.
A Ferrari criou então, com novos ares, o veloz 156, movido pelo compacto motor Dino V6 de 1.5 litro, produzindo destacáveis 190 cv a 9.500 rpm, alimentado por dois carburadores triplos, que permitiram ao Phil Hill, Wolfgang von Trips e o italiano Giancarlo Baghetti vencerem cinco das oito etapas do campeonato daquele ano. Apelidados de “Nariz de Tubarão”, os 156 traziam um moderno sistema de suspensão tipo “Triângulo Duplo” nas quatro rodas e, seco, não passava dos 420 kg. Leve, ágil e moderno, como pedia a categoria.
O calendário de 1961 era mais curto, não chegando nem aos cinco meses completos de provas: começou em 14 de maio com o GP de Mônaco, seguido do GP da Holanda, GP da Bélgica, GP da França, GP da Inglaterra, GP da Alemanha, o fatídico GP da Itália e o encerramento com o GP dos Estados Unidos, ocorrido em 8 de outubro. GPs famosos, como o da Argentina, Portugal e Marrocos, foram cancelados por motivos diversos (político, financeiro etc).
Além das tragédias e calendário encurtado, 1961 foi um ano de novidades para o universo dos carros da Fórmula 1, graças a um novo regulamento. Definitivamente, todas as equipes adotaram a construção do motor traseiro entre-eixos (na frente do eixo traseiro, e atrás do piloto), em unidades compactas, com melhor distribuição de peso, tornando os carros muito rápidos e ágeis, superiores aos antigos de motor dianteiro.
Por isso, a FIA regulamentou uma nova padronização de motores, que não podiam ter capacidade cúbica menor que 1.300 cm³ (1.3 litro), nem maior do que 1.500 cm³ (1.5 litro). Por isso, os propulsores eram compactos e de altíssima potência específica, adequados aos novos carros, que popularmente eram chamados de “Charutinhos” pela carroceria arredondada e longa em alumínio.
Além dos motores mudados, os novos regulamentos exigiam os essenciais cintos de segurança (fixados diretamente no chassi), e macacão e capacete obrigatório para os pilotos (finalmente!).
Os carros, a cada etapa, eram vistoriados por profissionais da própria FIA (e não mais por agentes regionais), e, para eles, era exigido o peso mínimo de 450 kg, rodas descobertas, bomba de combustível (substituindo outras alimentações alternativas, mantendo o carburador), barra de proteção para a cabeça do piloto (“santo Antônio”), freios a disco com duplo circuito, tanque de combustível com enchimento de espuma interna e respiro, além de outras modificações. A segurança passava a ser um ponto de atenção, afinal os acidentes eram constantes (em 1961, morreram três pilotos, por exemplo).
Na próxima semana, não perca a história do campeonato de 1962!
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