Ex-modelo, ela faz sucesso com pães de fermentação natural e negócio que emprega só mulheres – Pequenas Empresas & Grandes Negócios
Izabela Tavares era modelo antes de abrir sua padaria com foco em fermentação natural. Ela, que sempre gostou de cozinhar como hobby, foi estudar gastronomia quando sentiu que não estava feliz na carreira de moda. Depois da faculdade, fez um curso na Itália, pensando que seu futuro negócio teria foco em massas. “Por lá, conheci a fermentação natural. Na volta, comecei a fazer pão, a vender para as pessoas. Quando me dei conta, estava vendendo para restaurantes“, diz a fundadora da IZA Padaria Artesanal.
O negócio começou em 2015, em São Paulo (SP), quando ela ofereceu pães para amigos servirem em jantares. Segundo Tavares, o networking inicial fez com que seu pão chegasse a chefs e pessoas envolvidas com gastronomia profissionalmente. “Tenho um grande amigo que é apaixonado por gastronomia. Ele recebe muita gente na casa dele. Comecei a mandar pães para ele, para os jantares dele. E sempre foi um lugar que chefs frequentavam — eles gostaram e perguntaram de onde era o pão, queriam comprar. Minha divulgação foi meio ‘boca a boca'”.
IZA Padaria Artesanal começou de forma caseira pela chef e ex-modelo Izabela Tavares (Foto: Reprodução Instagram/Izabela Tavares)
O Instagram e a rede de conhecidos da época em que trabalhava como modelo também impulsionaram suas vendas que, até então, partiam da cozinha de sua casa. Ela passou a ter restaurantes como clientes. O crescimento do negócio foi bem orgânico: em 2016, ela se mudou para um espaço ocioso, cedido por seu marido. No mesmo ano, investiu em equipamentos industriais e contratou uma funcionária. No ano seguinte, tinha quatro colaboradoras.
“Toda a minha produção é feminina“, afirma ela sobre sua equipe de padeiras. Para Tavares, é importante ter mulheres em um ramo que era predominantemente masculino até recentemente. Segundo ela, muitas das funcionárias mudam de rota após trabalhar em sua padaria – elas geralmente vêm de um meio mais masculino e agressivo da culinária. “Temos um ambiente amoroso e tranquilo, apesar de nosso trabalho ser muito físico”, descreve.
Hoje, são nove funcionários ao todo, divididos entre a unidade da Vila Madalena – que conta com café e salão para consumo – e a da Vila São Francisco, central de produção e ponto de retirada de encomendas.
Izabela Tavares descreve a fermentação natural como sendo uma mágica que acontece com a mistura de farinha e água, ou farinha e suco. Ela tem uma “massa-mãe”, como chama o fermento natural que produz, que foi feita há oito anos e segue viva. A colônia de bactérias tem de ser alimentada diariamente com água e farinha.
“O fermento natural é o pão feito como antigamente, uma volta às origens de milhares de anos. É uma massa azeda feita com leveduras naturais, presentes na farinha, na água, nas nossas mãos. Com essa mistura, a farinha e a água fermentam em sete dias, se transformando numa massa-mãe que é usada nos pães. Tem gente com massa-mãe de 100 anos”, conta. A técnica é conhecida por garantir um pão mais saudável, já que não tem conservantes, e de melhor digestão, por conta do processo de fermentação natural.
Outra capacitação importante em sua carreira, segundo a empreendedora, foram as leituras dos livros de Luiz Américo Camargo, jornalista especializado em pães que escreve sobre o tema.
Pães da Iza Padaria Artesanal são feitos com a técnica milenar de fermentação natural (Foto: Reprodução/site Iza Padaria Artesanal)
Em 2019, Tavares abriu a IZA Padaria Artesanal na Vila Madalena. A ideia era expandir o modelo de negócio, que até então era focado em encomendas e retiradas. “Queria ter um público novo, do tipo que está passando pelo lugar e se interessa em entrar”. Mesmo com a pandemia e com o fechamento dos salões para consumo, o negócio se manteve crescendo no modelo de encomendas.
No fim de 2020, a padeira decidiu lançar um novo produto para aumentar as vendas. “Repaginei o negócio como pizza delivery para dar uma equilibrada nas contas, em outubro de 2020″, diz. “Só que a pizza virou praticamente um outro negócio, foi sucesso total, quase maior que o pão. Reabrimos com café, pão na chapa, outros serviços e nesta semana teremos as pizzas para consumo local”, conta.
O faturamento de 2021 foi de R$ 1,3 milhão. Segundo a empreendedora, as receitas deste ano não devem registrar um grande crescimento por conta das pausas e desacelerações que deu no negócio — ela fez uma reforma na loja da Vila Madalena e tem um bebê de quatro meses. Mas, para o ano que vem, a meta é alcançar R$ 2 milhões.
Sobre o Dia do Pão, Tavares diz que a data pode ser um incentivo a quem quiser experimentar a mão na massa. “A data é uma homenagem ao ofício pelo qual sou apaixonada. Fazer pão é bom demais, todo mundo devia experimentar, e a fermentação natural também. O pão te conecta consigo mesmo. Tentem, vale a pena!”
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